Moody`s, o nível "lixo" para a divida portuguesa

A Moody`s, considera que a banca portuguesa ainda está "fraca" e o endividamento do país é demasiado elevado. Esta avaliação da agência de rating, sublinha que a banca e o endividamento são as principais razões da susceptibilidade da economia portuguesa a um evento de risco.
 
A Moody`s mantém a dívida soberana portuguesa com a notação Ba1, o que ainda é considerado como "lixo", sem mais explicações. Mas esta semana emitiu uma opinião de crédito para os investidores, onde refere que:

"Os constrangimentos chave de crédito de Portugal relacionam-se com a muito elevada dívida pública e privada e com o sector bancário fraco".
 
Apesar de o ministro das Finanças sublinhar frequentemente os progressos na estabilização do sistema financeiro, com a recapitalização da Caixa Geral de Depósitos e do Banif, e a venda do Novo Banco, para a agência de crédito a banca continua a ser um calcanhar de Aquiles da economia portuguesa. 

No entanto a Moody's até reconhece progressos: nota que o peso do malparado baixou para 15,2% no quarto trimestre de 2017, ou seja, menos 4% do que o registado em 2016.
 
Recorda aos investidores que 75% do Novo Banco foi vendida ao Lone Star, com o Fundo de Resolução a manter o controlo dos restantes 25% e a assumir as consequências de um mecanismo de capital contingente, válido durante oito anos, referindo sobre este assunto, "Consideramos que a probabilidade de novo apoio estatal ao banco é agora mais baixa e que qualquer necessidade do Fundo de Resolução terá agora de ser suportada pelos restantes bancos portugueses". 

Mas as fragilidades persistem. "Contudo, qualquer nova injecção de capital por parte do Fundo de Resolução que requeira um empréstimo do Estado em valor equivalente fará subir o peso da dívida pública", acrescenta a agência. E conclui: "O sector continua a exibir uma rendibilidade e níveis de capital comparativamente fracos e um stock de malparado ainda relativamente elevado, de tal forma que o sector bancário continua o evento de risco chave para a notação de crédito de Portugal."

Aliás, a fragilidade do sistema financeiro foi um dos motivos que justificou que a agência tivesse ajustado em baixa um dos parâmetros da avaliação de crédito: a resiliência das instituições. A Moody's atribuía-lhes a nota de "muito elevada (+)" resiliência, mas agora baixou para "muito elevada (-)", apesar de a pontuação do país não ter caído. 

"A nossa avaliação é de que a eficácia das políticas e do governance não são tão elevados quanto a pontuação máxima" do país sugere, explicam os analistas, adiantando que Portugal respondeu pior à crise do que países como Espanha ou Irlanda, nomeadamente "na resolução das fragilidades do sector bancário".

Défice mais alto do que o Governo prevê

O outro calcanhar de Aquiles português é a dívida, tanto pública, como privada. A Moody's explica que o excessivo nível de endividamento dificulta a capacidade de crescimento da economia portuguesa (a previsão para este ano é de uma subida do PIB de 2,1%, abaixo da meta de 2,3% do Governo) o que, por sua vez, prejudica o ritmo de redução da própria dívida. 

Aliás, o cenário macroeconómico menos optimista explica que tanto a dívida, como o défice, recuem mais devagar nas projecções da Moody's. Mário Centeno, ministro das Finanças, antecipa um défice de 0,7% do PIB para este ano. A Moody's não acredita nesta projecção e espera 1,1%, a mesma meta que estava definida no Orçamento do Estado para 2018.

Para além de esperar menos crescimento, pelo menos, até ao próximo ano, a agência adianta ainda que vê com dificuldade a obtenção de mais poupanças nos consumos intermédios, que têm sido a rubrica em que o Executivo tem concentrado os esforços do exercício de revisão de despesa. Estes "consumos intermédios" são, em grande medida, aquisições de bens e serviços na área da saúde, que tem estado sob forte pressão política.

Mas nem tudo são más notícias. Apesar das fragilidades identificadas, a Moody's sublinha melhorias no cenário macroeconómico, nomeadamente no investimento. Considera como principais vantagens da economia portuguesa a sua diversificação e a capacidade de manter a consolidação orçamental, antevendo o cumprimento do limite dos 3% de défice ao longo dos próximos anos.
 
Fonte: Negócios
 

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