Portugal cria pouco emprego qualificado

Portugal está a conseguir criar emprego e a um ritmo significativo, mas o número de postos de trabalho associados a qualificações mais baixas e a salários reduzidos é “elevado”, alerta a Comissão Europeia. Isto encerra perigos.

A tendência, que não é nova sequer, limita o potencial da economia, o crescimento a prazo, além de ser um impedimento para as pessoas virem a ter mais rendimento, poder de compra e maior qualidade de vida. A falta de investimento dos últimos anos pode ter agravado ainda mais o problema, pois acabou por limitar ainda mais as oportunidades, têm alertado repetidamente várias instituições, como a própria Comissão, o FMI, o Banco de Portugal ou a OCDE.

Segundo Bruxelas, a produtividade por trabalhador está a evoluir mais rápido do que os salários. A primeira cresce 2,3% em 2018 e 2019, ao passo que o salário médio por empregado não sobe além de 1,7% ou 1,8% nos próximos tempos. Daí o embaratecimento aparente do país.

Mas a Comissão pode estar a tentar dizer mais. A economia está mais barata, não porque tenha saltado níveis na qualidade da gestão, dos processos e da produtividade, mas porque simplesmente é uma economia baseada em empregos piores em qualificações e em que as pessoas ganham abaixo da média.

Os últimos dados conhecidos, divulgados na semana passada pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), mostram que a recuperação do emprego continua a um ritmo bastante favorável, tendo avançado 3% entre o terceiro trimestre de 2016 e igual período deste ano. Mais 141,5 mil empregos em apenas um ano. Apesar de haver sinais de que a precariedade, embora elevada, está a aliviar, as profissões associadas a qualificações mais baixas e a salários mais fracos dominam a criação de emprego total.

Este fenómeno já dura há muito tempo, talvez daí a inquietação de Bruxelas. Fazendo um balanço desde que o atual governo subiu ao poder (final de 2015), dados do INE mostram que foram criados 241,5 mil empregos (mais 5,3%). Destes, 64% ou 154,5 mil foram nas quatro categorias profissionais associadas a qualificações e salários baixos.

Fonte noticia: 
dinheirovivo.pt

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